UM OBRIGADO MUITO ESPECIAL À SINTRABIKE!!!!!

Toda a escola agradece à loja de bicicletas Sintrabike, em Mem Martins, por ter cedido à Unidade de Ensino Estruturado duas biciletas de BTT, tal como a sua manutenção. Um abraço sentido e terno por tamanha nobreza de espírito! :) :) :) :) ...

sexta-feira, 16 de março de 2012

Figura do dia - Camilo Castelo Branco

Talvez o maior romancista português de sempre, Camilo nasceu em Lisboa a 16 de Março de 1825. Foi registado como filho de pais incógnitos, mas é, de facto, filho de Manuel Botelho e de Jacinta Rosa. A mãe morre-lhe em 1827 e o pai em 1835.
Órfão, vai viver para Vila Real de Trás-os-Montes, para a casa de uma tia. Em 1839 encontrámo-lo a residir com uma irmã, em Vilarinho da Samardã, também Vila Real, onde recebe uma educação religiosa e literária.
Em 1841 Camilo habita em Ribeira de Pena, casando-se com Joaquina Pereira de França, de quem, dois anos mais tarde, nasce uma filha, que apenas vive cinco anos. Um ano antes tinha também morrido Joaquina.
No ano em que nasce a filha, o escritor abandona a família e é admitido à frequência do curso da Escola Médica do Porto, que abandona no ano seguinte. Em 1845 pensa ingressar na Faculdade de Direito, em Coimbra, desistindo, porém, do projecto, para se dedicar à vida literária.
Em 1846 volta para Vila Real e foge com Patrícia Emília, por quem se apaixona e é preso na cadeia da Relação do Porto. Destes amores, em 1848, nasce a filha Patrícia do Carmo.
O escritor vai viver para o Porto, onde levará uma vida de boémio.
Em 1850 passa algum tempo em Lisboa, mas regressa ao Porto e ingressa num seminário, que abandona dois anos depois.
Em 1856 surgem os primeiros sintomas da sua doença - falta de visão. Contudo, continua a escrever intensamente e a colaborar em jornais.
No ano imediato resolve ir viver para S. Jorge de Agra, Viana do Castelo, voltando, pouco depois, ao Porto.
Em 1858, as suas relações com Ana Plácido causam escândalo. No ano seguinte nasce o primeiro de três filhos desta paixão, sendo o segundo louco. Decidem morar em Lisboa, mas, em 1860, Camilo e Ana Plácido são acusados de adultério, o que os leva à prisão, de novo à cadeia da Relação do Porto. Absolvidos, votam para Lisboa.
Em 1864 a família instala-se, definitivamente, em S. Miguel de Ceide, no concelho de Vila Nova de Famalicão.
Com Ana Plácido, em 1868, Camilo funda a Gazeta Literária do Porto.
No ano seguinte é nomeado sócio correspondente do Instituto Arqueológico de Portugal e em 1871 sócio honorário da Academia Dramática de Coimbra. Um ano depois, recebe a Comenda da Ordem da Rosa, dada por D. Pedro II do Brasil e é nomeado sócio do Instituto Vasco da Gama.
Em 1877 morre-lhe o primeiro filho. Em 1881 ajuda o terceiro filho, Nuno, a raptar a mulher com quem virá a casar-se.
Entretanto, Camilo escreve para sobreviver, mas tem graves preocupações económicas, que o levam a pensar fazer um leilão de parte da sua riquíssima biblioteca.
O título de Visconde de Correia Botelho é-lhe atribuído em 1885.
Em 1888 o escritor casa-se com Ana Plácido, após a morte do marido.
A sua vida foi aventurosa, dramática, e mesmo trágica trágica sobretudo nos seus últimos anos: foi impelido ao golpe final pela perda da visão, que o privaria de escrever mais, e por insucessos da sua intimidade, depois de ter legado à posteridade um tesouro de cerca de 280 títulos, o mais vasto legado de todos os dos escritores portugueses.
Acima de tudo novelista, o magistral homem de letras foi também grande polemista (as questões que discute são por ele banhadas de formas burlescas, caricatas e penetrantemente zombeteiras, muitas vezes), foi também eminente, ainda que com mais moderação, como dramaturgo, poeta e historiador ao longo dos seus romances descreve usos, tradições e tipos da nossa gente, sobretudo do norte, sempre acompanhados dos seus comentários pessoais, parecendo ao leitor estar em conversa e em presença.
Eis, de uma imensidade, alguns nomes de produções do ilustre escritor:
"Amor de perdição" (o seu título de glória por excelência, escrito numa quinzena, em meio de grande exaltação febril, quando estava retido na Cadeia da Relação do Porto), "Amor de salvação", "A filha do arcediago", "A enjeitada", "O retrato de Ricardina", "Os brilhantes do brasileiro", "O esqueleto", "O bem e o mal", "A sereia", "Agulha em palheiro", "Novelas do Minho", "A brasileira de Prazins", "Eusébio Macário", "A corja", "Mistérios de Lisboa", "Anátema", "Livro negro do padre Dinis", "Mistérios de Fafe", "O sangue", "Doze casamentos felizes", "Vinte horas de liteira", "Cinco filhas para casar", "O regicida", "A filha do regicida", "Carlota Ângela", "O que fazem mulheres", "A doida do Candal", "Cenas contemporâneas", "A filha do doutor negro", "Onde esqá a felicidade?", "Memórias do cárcere", "A bruxa do Monte Córdova" (povoação do concelho de Santo Tirso, região do rio Ave), "A queda de um anjo", "Luta de gigantes" (um bom romance histórico), "Cavar em ruínas", "Noites de insónias" (pequenos contos, curiosos artigos de crítica, anedotas históricas), "A caveira da mártir". De teatro: "Agostinho de Ceuta", "O morgado de Fafe em Lisboa", "O morgado de Fafe amoroso". De poesia: "Duas épocas da vida", "Ao anoitecer da vida". Traduções: "O génio do Cristianismo", pelo visconde François René de Chateaubriand; "Romance de um rapaz pobre", por Octave Feuillet.
Além das citadas, muitas mais obras tem o insigne autor, umas de pura imaginação, outras fruto de aturadas pesquisas, outras vividas ou conhecidas muito de perto por ele.
Nos romances de Camilo, e particularmente nos muitos realistas, é frequentíssimo existir uma atmosfera enervante, quase sempre causada por cenas como actos de violência, lances dolorosos, situações difíceis, procedimentos extremamente baixos...
O estilo camiliano é irregular, agitado, muito vivo e de expressão justa, ao mesmo tempo que pitoresco e impressionante. A linguagem é simples, interessante e de uma amplitude de recursos ímpar.
Completamente cego, Camilo suicida-se com um tiro de revólver, em S. Miguel de Ceide, no dia 1 de Junho de 1890.

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